Laqueadura: tire todas as suas dúvidas

O que você precisa saber sobre a laqueadura

A laqueadura é um método contraceptivo permanente. Ou seja, só deve ser considerado caso a mulher tenha certeza de que não deseja mais ter filhos. Assim, caso esteja considerando fazer o procedimento, procure conversar com sua ginecologista, para entender todos os riscos, benefícios e também alternativas. Por exemplo, você sabia que a eficácia da cirurgia pode variar, e que existe um pequeno risco de gravidez ectópica após o procedimento?

Neste artigo respondo as principais dúvidas que vocês têm sobre laqueadura. Mas, havendo outras, mande no meu Instagram ou deixe aqui nos comentários =)

Como é feita a laqueadura?

A laqueadura, também conhecida como ligadura de trompas, é uma cirurgia utilizada como método contraceptivo permanente em mulheres que desejam interromper sua capacidade de engravidar. O procedimento é realizado por sua ginecologista e envolve a obstrução ou fechamento das trompas de Falópio, que são os ductos que transportam os óvulos dos ovários para o útero.

Aqui coloco os passos gerais de como é feita a laqueadura:

  1. Anestesia: a paciente é anestesiada, geralmente com anestesia geral, para que ela esteja inconsciente e não sinta dor durante a cirurgia. Em alguns casos, a anestesia regional também pode ser usada.
  1. Acesso às trompas: a médica faz uma pequena incisão no abdômen da paciente, geralmente na região abdominal inferior ou no umbigo, para acessar as trompas de Falópio. Em alguns casos, a cirurgia pode ser realizada via laparoscopia, usando pequenas incisões e um laparoscópio (um dispositivo médico com uma câmera) para guiar o procedimento.
  1. Obstrução das trompas: Existem diferentes métodos para obstruir as trompas, sendo os dois mais comuns:
  • Com clipes ou anéis: a ginecologista coloca pequenos clipes ou anéis de silicone nas trompas para bloquear o fluxo dos óvulos.
  • Cauterização ou corte: utiliza-se um instrumento cirúrgico, como um bisturi ou um eletrocautério, para cortar, queimar ou selar as trompas, impedindo a passagem dos óvulos.
  1. Verificação: a médica verifica se as trompas estão corretamente bloqueadas ou obstruídas para garantir a eficácia do procedimento.
  1. Fechamento: após a obstrução das trompas, fecha-se a incisão abdominal com suturas ou grampos, e a cirurgia é concluída.

É possível engravidar depois de ter feito laqueadura?

Embora seja raro, existe, sim, uma pequena chance de a mulher engravidar mesmo após a laqueadura. Isso pode acontecer devido a:

Falha técnica: em casos raros, a obstrução das trompas não é totalmente eficaz, e pequenas aberturas podem permitir que um óvulo fertilizado passe, resultando em gravidez.

Gravidez ectópica: a laqueadura não garante 100% de proteção contra a gravidez ectópica, que é uma gravidez que ocorre fora do útero, geralmente nas trompas de Falópio. Essa condição pode ser perigosa e requer atenção médica imediata.

Recanalização espontânea: em casos muito raros, as trompas de Falópio podem se “recanalizar” ou se regenerar após a cirurgia, permitindo que os óvulos se movam novamente para o útero.

Ou seja, embora a laqueadura seja destinada a ser um método contraceptivo permanente, ela não é 100% eficaz (aliás, nenhum método é 100% eficaz). No entanto, vale reforçar: a possibilidade de gravidez após a cirurgia é bastante reduzida. 

Quantos anos dura a laqueadura?

Em geral, a laqueadura é realizada com a expectativa de que seja uma decisão permanente e irreversível. Assim, não tem um “tempo de duração”.

No entanto, em casos raros, algumas mulheres podem optar por tentar reverter a laqueadura em algum momento no futuro, se desejarem engravidar novamente. Tal reversão, por sua vez, não é possível em todas as situações e pode ser um procedimento cirúrgico bastante complexo. Também em situações raras, como colocado acima, as trompas de Falópio podem se “recanalizar” ou se regenerar após o procedimento.

Mas, na grande maioria dos casos, trata-se de um procedimento permanente e irreversível.

O que muda no corpo da mulher depois da laqueadura?

Alguns efeitos colaterais possíveis após a laqueadura incluem dor ou desconforto temporário no abdômen, que geralmente melhora com o tempo. Também podem ocorrer complicações raras, como infecção ou aderências, embora essas sejam incomuns.

É importante lembrar que cada mulher é única, e a experiência após a laqueadura pode variar. Assim, pode ser que você não perceba nenhuma mudança significativa em seu corpo ou saúde após o procedimento, e pode ser que note pequenas alterações. 

A laqueadura engorda?

A laqueadura, em si, não causa ganho de peso direto. Ou seja, não há evidências científicas sólidas que demonstrem uma relação direta entre a laqueadura e o ganho de peso.

Assim, caso note mudanças em seu peso após a laqueadura, tais alterações provavelmente são resultado de outros fatores, como estilo de vida, envelhecimento, metabolismo e dieta.

A laqueadura é reversível?

Embora existam técnicas cirúrgicas para tentar reverter a laqueadura em alguns casos, não é garantido que a reversão seja bem-sucedida, e a eficácia do procedimento varia.

Os fatores que afetam a possibilidade de reversão incluem o método específico de laqueadura, o tempo decorrido desde o procedimento e a habilidade da cirurgiã. A reversão da laqueadura é geralmente mais bem-sucedida quando o procedimento foi realizado com clipes ou anéis, em vez de corte ou cauterização das trompas.

Além disso, a gravidez após a reversão da laqueadura ainda pode não ser garantida, e há um risco aumentado de gravidez ectópica (uma gravidez fora do útero) após o procedimento de reversão.

Portanto, antes de optar por uma laqueadura, é importante considerar cuidadosamente suas decisões e entender que trata-se de um procedimento geralmente irreversível. 

Quem pode fazer uma laqueadura?

Conforme lei nº 14.443/2022 que alterou a legislação anterior de 1996 (lei 9.263) sobre planejamento familiar no Brasil, mulheres que tenham no mínimo 21 anos de idade ou que possuam ao menos dois filhos vivos podem realizar a laqueadura tubária.  

A alteração também retirou a necessidade de autorização do cônjuge para a realização do procedimento.

Assim, mulheres casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas podem realizar a laqueadura, desde que sejam maiores de 21 anos ou tenham pelo menos dois filhos vivos.

Quais os riscos da cirurgia de laqueadura?

A cirurgia de laqueadura é considerada um procedimento simples e seguro. No entanto, como qualquer cirurgia, apresenta alguns riscos, como por exemplo:

Infecção: como em qualquer procedimento cirúrgico, existe um risco de infecção no local da incisão ou dentro do abdômen. Isso é mais comum logo após a cirurgia e pode exigir tratamento com antibióticos.

Hemorragia: pode ocorrer sangramento excessivo durante a cirurgia ou nos dias seguintes ao procedimento. Em casos graves, pode ser necessário realizar uma cirurgia adicional para controlar o sangramento.

Lesões em órgãos adjacentes: durante a cirurgia, pode haver o risco de lesão acidental de órgãos adjacentes, como intestinos ou bexiga. Essas lesões podem requerer reparo cirúrgico imediato.

Reações anestésicas: a anestesia utilizada durante a cirurgia pode causar reações adversas em algumas pessoas, como náuseas, vômitos, dores de cabeça ou reações alérgicas.

Aderências: após a cirurgia, podem se formar aderências, que são tecidos cicatriciais que podem causar dor abdominal crônica ou afetar os órgãos adjacentes.

Gravidez ectópica: após a laqueadura, caso uma gravidez ocorra, ela tem maior probabilidade de ser uma gravidez ectópica (fora do útero), o que pode ser uma emergência médica.

É importante discutir esses riscos com sua ginecologista antes de realizar a laqueadura. Juntamente com você, ela avaliará questões como idade, saúde geral e outras opções contraceptivas disponíveis.

Há outros métodos contraceptivos tão eficazes quanto a laqueadura?

Sim, temos hoje dois métodos contraceptivos especialmente eficazes e não permanentes. São eles:

Dispositivo Intrauterino (DIU): Existem dois tipos principais de DIU: o DIU de cobre e o DIU hormonal. Ambos são altamente eficazes e reversíveis. O DIU de cobre pode durar até 10 anos, enquanto o DIU hormonal pode durar de 3 a 5 anos, dependendo do tipo.

Implante contraceptivo: É um pequeno dispositivo implantado sob a pele do braço, que libera hormônios contraceptivos gradualmente ao longo de vários anos. É altamente eficaz e pode durar de 3 a 5 anos, dependendo do tipo.

No entanto, vale sempre ressaltar: a escolha do melhor método contraceptivo deve ser feita em conjunto com sua ginecologista, após avaliação de alguns exames, histórico de saúde e hábitos de vida.

Ficou alguma dúvida sobre a cirurgia de laqueadura? Deixe um comentário por aqui ou me siga no Instagram: @dratatianamadalon.

Dra. Tatiana Madalon
Ginecologista, obstetra e mãe de 2
CRMSP: 139202 / RQE: 76759

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