Mãe de primeira viagem: Um relato pessoal

Mãe de primeira viagem

Se você é mãe de primeira viagem, pode ser que esse texto não seja exatamente o que você queira ler porque de agora em diante você somente irá encontrar a pura verdade.

Quantas já escutaram ou ouviram mulheres dizendo que a gestação é a melhor época da vida de uma mulher? Que será uma época mágica onde entramos em contato com o nosso lado mais primitivo? Bem sinto muito em dizer que não é bem assim.

Antes de mais nada gostaria de pedir desculpas á aquelas mulheres que sentiram isso durante suas gestações e ao mesmo tempo saúdo vocês pela conquista, mas infelizmente não é o sentimento da grande maioria.

Estar grávida é um período extremamente difícil, onde a mulher inicia uma trajetória sem volta a partir do momento em que ela faz aquele xixizinho no palito ou quando recebe aquele resultado positivo no seu exame de sangue. Começamos a ver nosso corpo mudar, nossos seios crescerem e aquele bendito enjoo que não passa nem por reza brava.

Como se não bastasse a ansiedade que começamos a carregar com a obra do novo quarto ou aquela interminável lista de enxoval precisamos saber lidar com o desconforto, as dores que não passam e o fato que não conseguimos mais enxergar nosso próprio pé.

A partir daí começam os relatos. “Você vai ver que quando o bebê nascer você vai sentir o maior amor da sua vida”. Espera um pouco, e se eu não sentir isso aí que ela está dizendo? Eu vou me sentir um monstro. Sim isso é o que passa na cabeça de uma gestante de primeira viagem e a culpa mulheres, é toda nossa. Nós somos responsáveis pela romantização da maternidade.

Ficar grávida não é fácil, permanecer grávida também não é fácil e o pós parto é pior ainda. Devemos dizer umas as outras a verdade, de que o amor é algo que se constrói no dia a dia e que não será diferente quando seu bebê nascer. Obvio que como qualquer mamífero temos o instinto protetor e sabemos que precisamos manter aquele serzinho que geramos, vivo a qualquer custo. Por isso, amamentamos, mantemos seguro e passamos noites e noites acordadas, dormindo 1 ou 2 horas o que seria humanamente impossível em outras épocas de nossas vidas.

Eu fui uma mãe de primeira viagem que se sentiu completamente enganada, que preferia ter escutado dos outros a pura verdade pois teria me poupado sentimentos negativos de inadequação que carreguei por muito tempo. Me senti mal quando meu filho nasceu e não fui inundada pelo amor incondicional que me haviam dito. Me senti estranha e sozinha quando tentava esconder minhas inseguranças do mundo pois achava que só eu estava achando tudo aquilo uma loucura.

Sabe qual foi o pior de tudo pra mim? Foi quando eu tentava dizer as outras pessoas que meu filho ficava a noite inteira acordado chorando e eu não sabia o porque e escutava de quase todas as pessoas “ Poxa o meu dorme a noite inteira”. Sem brincadeira. Eu olhava para meu filho e pensava que ele só podia ter vindo com algum erro de fábrica. Cadê o botão de desliga dessa criança? Até que com o tempo eu fui vendo e amadurecendo que depois de você checar a fralda, ver se está com fome, dar colo e aconchego e ele permanecer chorando é porque ele quer chorar e ponto. Respira, conta até cem ou chora junto que não tem problema também e espera. Não tem o que fazer, amiga… criança chora mesmo e está tudo bem confia em mim.

Resumindo nosso bate papo, vamos parar de romantizar a maternidade e o puerpério nenhuma das duas fases são fáceis mas a boa notícia é que passa. É normal não se sentir bonita e é normal não se sentir perfeita. Mas sabe de uma coisa? Tudo isso vai valer a pena porque o amor um dia ou outro vai bater na sua porta, e ele vem sem avisar. Um dia você vai olhar para seu filho/a e descobrir o que é o amor de verdade, um amor que não há nem como explicar, um amor que você nunca sentiu antes e que vai ser capaz de fazer você ver o mundo com outros olhos. Mas um amor conquistado, suado e acima de tudo merecido.

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