Entre as afirmações de que grávidas não podem pintar os cabelos ou voar em aviões, a ideia de que gestantes deveriam evitar o sexo na gravidez é majoritariamente falsa. Claro, há exceções, especialmente se a gestação for considerada de alto risco. Além disso, a recomendação é sempre tirar todas as suas dúvidas com sua obstetra, certo?
Neste artigo você verá que a maioria dos riscos associados ao sexo na gravidez são, na verdade, mitos. Mas, caso tenha ficado alguma dúvida em relação a este tema, deixe nos comentários ou no meu Instagram: @dratatianamadalon.
1 – Vai machucar o bebê
Da mesma forma, mães muito jovens também se enquadram na categoria de alto risco, pois são mais propensas a desenvolver pressão alta relacionada à gravidez. Ainda, tendem a entrar em trabalho de parto mais cedo e ter bebês com baixo peso ao nascer.
2 – Sexo na gravidez dói
Dependendo da posição, pode ser que a mulher sinta alguma dor ou desconforto. No entanto, esse desconforto vem da posição, e não do sexo em si. Algumas mulheres, inclusive, acham o sexo na gravidez até mais agradável. Isso ocorre porque os órgãos genitais estão ingurgitados e as terminações nervosas são mais sensíveis. Além disso, a oxitocina, um hormônio com níveis elevados durante a gravidez, alimenta a sensualidade feminina. Ou seja, você se sente mais sexy!
3 – Causa sangramento no útero
Um sangramento excessivo é outra história e definitivamente deve causar preocupação, mas algumas manchinhas ocasionais após o sexo na gravidez são relativamente normais. Isso porque o colo do útero está especialmente sensível. No entanto, vale ressaltar: caso esteja insegura ou tenha dúvidas, verifique com sua obstetra, certo?
4 – O bebê vai saber
Essa é uma dúvida que muitas vezes vem do parceiro. “Mas o bebê vai ver o meu…?” Não, não vai! Sexo na gravidez é algo normal e não motivo de vergonha, especialmente não do próprio bebê. A criança, na barriga da mãe, não sabe o que está acontecendo fora do útero, ou mesmo seria capaz de se lembrar de um evento isolado. E, como expliquei acima, o bebê está fechadinho dentro da bolsa amniótica.
5 – A gravidez aumenta a libido da mulher
Aqui eu digo que é um mito porque pode ser que, sim, a mulher sinta um aumento da libido com a gestação, mas também pode ser que não. Isso porque a gravidez afeta o desejo sexual das pessoas de diferentes maneiras.
Um aumento dos hormônios e um aumento do fluxo sanguíneo para os órgãos genitais podem potencializar o desejo sexual da mulher, especialmente no segundo trimestre.
No entanto, outras mamães podem experimentar uma diminuição na libido, causada por flutuações hormonais, sensação de menos conforto corporal, redução de energia ou dores físicas (como dor nas costas, por exemplo, relativamente comum na gravidez).
E, vale dizer, a gestação também pode afetar o desejo sexual do parceiro, sabia? Enquanto alguns homens podem sentir uma atração maior pela parceira grávida, outros podem estar tão absortos pelas preocupações relativas à chegada de um bebê que podem se interessar menos em sexo.
6 – As contrações do orgasmo podem causar um aborto espontâneo
Algumas pequenas cólicas que você pode sentir depois do sexo são completamente normais. Tratam-se de músculos do útero contraindo um pouco e, contanto que você não tenha uma gravidez de alto risco, elas não causarão qualquer dano. Existem dois tipos diferentes de contrações – e as que você sente durante e após o orgasmo não são do tipo que causa aborto espontâneo. Ainda, vale lembrar que as contrações do parto costumam ser dolorosas e acontecem em intervalos regulares.
7 – Sexo anal é proibido
Não é proibido, mas pede alguns cuidados. O primeiro é com a região. Gestantes têm risco aumentado de sofrer com hemorroidas e fissuras anais. Assim, sendo o caso, melhor evitar a prática. Outro cuidado é com infecções. Recomenda-se que o parceiro não passe do anus para a vagina sem antes trocar o preservativo ou lavar bem o pênis. Caso contrário, pode levar bactérias para a região vaginal, o que pode resultar em infecções perigosas tanto para a mãe quanto para o bebê.
8 – Após o parto o desejo sexual volta depois de 45 dias
Sabe por que isso é um mito? Porque a volta do desejo sexual depende de cada mulher. Pode ser que volte em 45 dias, mas pode ser que demore um ano – ou mais. Por isso, esta também é minha resposta para “quanto tempo depois do parto posso voltar a ter relações?” Idealmente deve-se esperar de 45 a 60 dias, o chamado resguardo. Afinal, é preciso dar tempo para o seu corpo se recuperar de problemas específicos relacionados ao nascimento, como ruptura vaginal ou incisão da cesárea. Mas você pode decidir ter relação meses depois desse prazo. Depende de você!
Além das questões físicas, a mulher está num grande processo de descobertas e desafios. Amamentação, privação de sono, insegurança em relação aos cuidados com o bebê… são muitas as preocupações em sua cabeça – e pensar em sexo dificilmente está entre elas.
Por isso, ouça o seu corpo. Se você não estiver pronta – física ou emocionalmente – seja paciente consigo mesma e converse com seu parceiro sobre seus sentimentos.
9 – Você corre o risco de ficar grávida enquanto está grávida
Confuso? A chamada superfetação é um fenômeno que ocorre quando uma mulher grávida libera um óvulo, geralmente após algumas semanas de gravidez, e ele é fertilizado e implantado no útero. O resultado são duas gestações separadas acontecendo ao mesmo tempo. Oras, mas então não é um mito? Embora seja possível, a ocorrência da superfetação é tão rara que, na história da humanidade, apenas alguns casos já foram confirmados até hoje. Então, embora sim, você possa engravidar enquanto já está grávida, definitivamente não é algo com que se preocupar.
O conselho final é sempre conversar com sua obstetra sobre sexo na gravidez, tirando todas as suas dúvidas. Afinal, apenas sua médica, que acompanha seu pré-natal e sua gestação de perto, pode de fato dizer o que é seguro para o seu caso.
Caso tenha outras dúvidas sobre sexo na gravidez, deixe um comentário por aqui ou me siga no Instagram: @dratatianamadalon.
Dra. Tatiana Madalon
Ginecologista, obstetra e mãe de 2
CRMSP: 139202 / RQE: 76759
